“Gracias a la vida que me ha dado tanto,
Me ha dado la risa y me ha dado el llanto”
Quando ouvia lá atrás, em um passado que já vai longe, Mercedes Sosa com sua voz forte cantar esta música, minha gratidão era pequena porque a vida transcorrida era pequena tambem. E talvez, distraída pelo barulho da juventude, só ouvia sobre o riso e desconsiderava o pranto.
Hoje tenho um olho que chora e um olho que ri.
E no meu coração, instalada para sempre, uma profunda gratidão.
Descobri o tamanho do passo que posso dar.
Descobri que, por maior que seja o meu desejo, há fatos que não posso mudar.
Aprendi a aceitar que, em muitos momentos, a vida segue um curso que me leva para longe dos rumos traçados.
Às vezes sou levada pelas nuvens, na velocidade da brisa.
Às vezes vou rolando ladeira abaixo, ralando a carne e o coração.
Há momentos em que sucumbo e chamo pelo ponto final.
Já há outros que me levam a querer sempre mais.
Já sei que amar dói para valer.
Mas nunca desisto daqueles a quem amo.
É por eles que torço. Muitas vezes à distância. É por eles que me entristeço de ser apenas mortal.
Para eles queria poder fazer milagres. Queria ver, no rosto deles, brilhar sempre e sempre o olho que ri.
É por isto que choramos juntos.
Às vezes meu corpo se dobra pela intensidade de uma dor.
Sempre meu corpo se curva à intensidade da vida e a ela presta uma profunda reverência.
Ouço novamente a mesma música e agora sim posso dizer: Graças à vida, que me tem dado tanto, meu riso e meu pranto.
A vida quero por inteiro!
Muito lindo! E que venham mais risos do que prantos!